Time Travelled — 12 months

A letter from September 19th, 2016

Sep 19, 2016 Sep 19, 2017

Peaceful right?

Cara futura Eu, quantos anos são necessários para podermos nos esquecer de um só minuto? Eu gostaria de esquecer esse dia 2 de Agosto de 2016, 16h32. No banheiro do terminal central; arrumando o cabelo; limpando o suor; passando base e pó, ajeitando o rímel com delicadeza pra não borrar; sentindo minhas mãos tremerem; olhando a cada segundo no relógio para ter certeza de que eu não me atrasaria; ajeitando a calça e camiseta do uniforme; passando mal por nervosismo; pensando em desistir; lembrando-se de tudo que ela já havia me dito; tomando coragem e embarcando no ônibus; mãos tremendo em dobro; suando frio; quase chorando; na metade do caminho; pensando em descer e desistir; decidindo seguir em frente; arrumando mais ainda a maquiagem; pensando em todas as possibilidades pra ela me odiar; passando perfume; tentando lembrar onde deveria desembarcar; caminhando até a escola; sentindo minhas pernas bambas; sentindo falta de ar; parando pra tentar recompor; pensando em voltar pra casa; ouvindo o sinal bater; sensação de morte se aproximando; tentando me recompor enquanto não a vejo passar; correndo até ela; sentindo o rosto queimar; sentindo o coração acelerar; pensando em desistir mais uma vez; chamando-a por impulso; sentindo o abraço dela; sentindo a calmaria; sentindo tudo passar; olhando-a sorrir para mim; sentindo uma paz interior; sentindo que ela devia ter me odiado; achando melhor voltar pra casa; insegurança à mil; entregando o livro à ela; abraçando-a novamente; olhando-a partir; acalmando-me. Ela é incrível, pessoalmente mais ainda. É a intensidade em pessoa. Ela fala palavrão, é mandona, é marrenta, fria, sensível, imprevisível, ciumenta, orgulhosa. Ela é independente, quase sempre. É grossa, mas nem sempre. Ela é um amor, com quem merece. Ela costuma ser diferente. Amanhã irá mudar, muito provavelmente. Nada de monotonismo. Rotina não é com ela. Ela tem diferentes tipos de mistério que eu provavelmente nunca vou decifrar. Ela nunca me dá sinais e isso me confunde da cabeça aos pés. Ela prefere viver sorrindo, e não é um sorriso qualquer, eu não precisaria ser o poeta mais foda do mundo pra falar sobre o seu sorriso. Ela sorri com os olhos e isso me encanta. Quando tudo ameaça desabar, ela insiste e demonstra total interesse e isso me fascina. Ela é rodeada por pessoas que a amam. Mas quem é que não conseguiria se encantar? Aliás, ela é incrível! Ela faz o tempo congelar, e por falar em congelar, congelados são os garotos a sua volta. Atordoados e decepcionados por não conseguirem com ela o que conseguem com todas as outras. Diga o quanto ela é linda, por mais que ela já saiba. Prometa e cumpra. Entenda sua teimosia. Entenda quando ela quer ficar sozinha, mas esteja junto quando ela precisar. Entenda seu orgulho. Entenda sua confusão. Entenda seu estresse e ao mesmo tempo seu ciúme. Aguente. Insista. Não desista. As pessoas costumam dizer que você não atrai o que você quer, e sim o que você é. Eu normalmente concordaria com todas essas coisas clichês que os casais dessa geração costumam dizer, mas eu discordo. Discordo muito. Sou o oposto dela, apesar de termos muita coisa em comum. Ela faz eu me sentir infinita, como se tudo fosse possível... Sei lá, como se a vida valesse à pena. Ela tem alguém, sempre tem. Eu sou ignorante e sozinha por opção. Eu sou irremediavelmente sem graça. Ela é infinitamente fascinante. Isso me faz pensar que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, furacão.

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